terça-feira, 25 de setembro de 2007

SIADAP

Este post pouco tem haver com o tema deste blog. Mas mesmo assim decidi coloca-lo pois esta história do SIADAP irá fazer parte da vida de mais de 700.000 portugueses.
Mas vamos por partes, o SIADAP é o novo sistema integrado de avaliação do desempenho da Administração Pública. Este visa o desenvolvimento coerente e integrado de um modelo global de avaliação que constitua um instrumento estratégico para a criação de dinâmicas de mudança, de motivação profissional e de melhoria na Administração Pública.
Até aqui tudo bem...
Segundo o artigo nº3 da Lei nº 10/2004, de 22 de Março, o SIADAP rege-se pelos seguintes princípios:
a) Orientação para resultados, promovendo a excelência e a qualidade do serviço;
b) ...
c) ...
d) Reconhecimento e motivação, garantindo a diferenciação de desempenhos e promovendo uma gestão baseada na valorização das competências e do mérito;

Ainda no artigo nº4 da mesma lei, são objectivos do SIADAP:
a) ...
b) Avaliar, responsabilizar e reconhecer o mérito dos dirigentes, funcionários, agentes e demais trabalhadores em função da produtividade e resultados obtidos, ao nível da concretização de objectivos, da aplicação de competências e da atitude pessoal demonstrada;
c) Diferenciar níveis de desempenho, fomentando uma cultura de exigência,
motivação e reconhecimento do mérito;
...

Reconhecendo os méritos e as mais valias deste novo instrumento, existe mesmo assim, uma questão que me ultrapassa completamente. O porquê da COTAS?
A meu ver esta situação só pode ser entendida, ou como um atestado de incompetência aos avaliadores, reconhecendo que estes são parciais e subjectivos nas suas avaliações, ou então este novo sistema está ferido de morte, e não passa de um "lobo vestido com pele de cordeiro", pois não visa premiar o mérito dos funcionários, mas sim impedi-los de progredir na sua carreira.
Não querendo ser céptico, nem um velho do Restelo, sou obrigado a pensar que mais uma vez quem se lixa é o mexilhão.




SIADAP (parte II)

Não querendo alongar muito mais o tema do SIADAP, finalizo-o com esta pequena mas brilhante história, exemplificativa da "riqueza" organizacional reinante neste nosso triste e corrupto jardim à beira mar plantado.
"Lê-se numa crónica, que no ano de 1994 se celebrou uma competição de remo entre duas equipas, compostas por trabalhadores de uma empresa portuguesa e de uma empresa japonesa.
Dada a partida, os remadores japoneses começaram a destacar-se desde o primeiro instante. Chegaram à meta primeiro e a equipa portuguesa chegou com uma hora de atraso. De regresso a casa, a Direcção reuniu-se para analisar as causas de tão desastrosa actuação e chegaram à seguinte conclusão:
Detectou-se que a equipa japonesa era composta por onze elementos, sendo estes, um chefe de equipa e dez remadores, e que de igual modo a equipa portuguesa era constituída por onze elementos também, mas com uma ligeiríssima diferença, esta era constituída por um remador e os restantes dez eram chefes de serviço. Facto este que teria de ser alterado no ano seguinte.
No ano de 95 e após ser dada a partida, a equipa japonesa começou a ganhar vantagem desde a primeira remada. Desta vez, a equipa portuguesa chegou com duas horas de atraso. A Direcção voltou a reunir após forte reprimenda da Administração e viram que novamente na equipa japonesa havia um chefe de equipa e dez remadores, enquanto que a portuguesa, após as medidas adoptadas com o fracasso do ano anterior, passara a ser composta por um chefe de serviço, dois assessores da administração, sete chefes de secção e um remador.
Reunida novamente a equipa técnica, acertam-se novas estratégias e resolve-se, por unanimidade, atribuir um voto de desconfiança ao remador pela sua incompetência.
No ano de 1996, como era habitual, a equipa nipónica voltou a adiantar-se à portuguesa, cuja embarcação encomendada ao recém-criado departamento das novas tecnologias, chegou com quatro horas de atraso...
Após mais este desaire, a direcção técnica volta a reunir, desta vez com o apoio especial de todo o Departamento Informático, decidiu-se então por uma formação mais vanguardista, constituída por um Chefe de Serviços, três Chefes de Secção, dois Auditores da conceituada Arthur Andersen e quatro Securitas que vigiaram ao mais ínfimo pormenor o desempenho do remador.
Na mesma reunião foi ainda decidido abrir um processo disciplinar ao remador, retirando-se todos os direitos e incentivos, devido aos fracassos acumulados.
Foi ainda decidido que para 1997 seria admitido um remador apenas com contrato a prazo, pois tem-se sentido que a partir da vigésima milha o actual remador, talvez por pertencer aos quadros, tem uma baixa de rendimento chegando perto da meta a roçar a má vontade."

E é assim a nossa visão estratégica !!!

Feeling of the day 04


No comments, no words, no thoughts, no nothing...aaahrg...

Elogio ao Amor


Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.
“O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em “diálogo”. O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam “praticamente” apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do “tá bem, tudo bem”, tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?

O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso “dá lá um jeitinho sentimental”. Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A “vidinha” é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.
O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.”

Miguel Esteves Cardoso in "Expresso"



terça-feira, 18 de setembro de 2007

Deambulações 01

Um pássaro canta por estar feliz, ou está feliz porque canta?

(Adaptado de Skinner)

A gerência deste blog, agradece comentarios!

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Cachimbo da Paz (Já era sem tempo)


Eu amei
E amei ai de mim muito mais
Do que devia amar
E chorei
Ao sentir que iria sofrer
E me desesperar
Foi então
Que da minha infinita tristeza
Aconteceu você
A razão de viver
E de amar em paz
E não sofrer mais
Nunca mais
Porque o amor
É a coisa mais triste
Quando se desfaz
O amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz


Vinícius de Moraes

Por todo o amor de ontem...
Por tudo vivido e sentido...
Pelo maravilhoso fruto por nós gerado...
Que a amizade nos una para sempre.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Um gajo leva com cada uma...


Há pois é!!! Leva-se com cada uma... que um gajo até fica torcido.
Passo a explicar...
Andava eu, na minha vidinha de sempre, encarregado do apoio automóvel à minha administradora. Sim à minha administradora...
Acredito ter sido escolhido para esta função, pelas minhas excepcionais qualidades de condutor, ser possuidor de uma excelente educação, elevada competência profissional, "pontualidade" e absoluta discrição. Senti-me sempre muito tranquilo e honrado por saber que estava a desempenhar uma função altamente dignificante, para a minha pessoa, e de extrema utilidade para a pessoa que até hoje acreditei ser uma verdadeira profissional da administração publica.
Mas quando se não, vim a descobrir algo terrivel e sombrio, a pessoa que eu considerava altamente competente na sua actividade profissional, digna de receber os meus préstimos de motorista pessoal, confidenciou-me que não passava de uma "palhaça" neste circo da vida.
Não quis acreditar no que os meus ouvidos estavam a ouvir. A pessoa que eu tanto idolatrava tinha uma auto-imagem tão deturpada.
Tento acreditar que isto não seja mais do que o conhecido "SÍNDROME DO CALIMERO".
Lembram-se do Calimero, aquele patinho preto com uma casca de ovo na cabeça, que se achava uma vítima do mundo...
É tão fácil sentirmo-nos vítimas!
Foi uma injustiça! Eu não mereço! Foi por causa disto ou daquilo, deste ou daquele!
Pois é... acreditam que todos os mortais personificam o lobo mau… e que elas não passam da pobre avozinha nas garras deste.
Mas mesmo assim, quero acreditar que a minha antiga co-piloto, abra os olhos e deixe de ser mais um CALIMERO neste mundo.

Ass: O Jarbas

P.S: "Motorista do Ano entre 1998 a 2007"
P.S. 2: Um bem haja à Miss Palhaça 1998/2007

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Feeling of the day 03



Nunca pensei em sentir esta musica como hoje a sinto, a existência de um filho tudo muda...

Precious and fragile things
Need special handling
My God what have we done to you
We always tried to share
The tenderest of care
Now look what we have put you through...

Things get damaged
Things get broken
I thought we'd manage
But words left unspoken
Left us so brittle
There was so little left to give

Angels with silver wings
Shouldn't know suffering
I wish I could take the pain for you
If God has a master plan
That only He understands
I hope it's your eyes
He's seeing through

Things get damaged
Things get broken
I thought we'd manage
But words left unspoken
Left us so brittle
There was so little left to give

I pray you learn to trust
Have faith in both of us
And keep room in your hearts for two

Things get damaged
Things get broken
I thought we'd manage
But words left unspoken
Left us so brittle
There was so little left to give...

"Precious - Depeche mode"

sábado, 1 de setembro de 2007

O valor das palavras


As palavras jamais poderão expressar o que se passa no espírito humano...

Elas podem no máximo ser símbolos pálidos dos nossos sentimentos. Os sentimentos porém são gritos interiores. Gritos mudos, lacerantes, intensos e eternos.
As palavras são efémeras, ocas, insensatas e ingénuas. Estas apenas adquirem vida na leitura de quem as lê e nos ouvidos de quem as ouve, mas morrem rapidamente no coração de quem as escreve.
Um dia acordarás e verás a realidade, palavras bonitas nem sempre representam a beleza que transportam.
Descobriras também, que só porque alguém não te disse as palavras bonitas que necessitavas de ouvir, não significa que esse alguém não te amou com tudo o que pôde.
Nunca te esqueças que “Palavras... leva-as o vento”, e por mais belas que sejam, já mais se poderão comparar com o que por ti… senti.
"As palavras não proferidas são flores do silêncio..."