terça-feira, 25 de setembro de 2007

SIADAP (parte II)

Não querendo alongar muito mais o tema do SIADAP, finalizo-o com esta pequena mas brilhante história, exemplificativa da "riqueza" organizacional reinante neste nosso triste e corrupto jardim à beira mar plantado.
"Lê-se numa crónica, que no ano de 1994 se celebrou uma competição de remo entre duas equipas, compostas por trabalhadores de uma empresa portuguesa e de uma empresa japonesa.
Dada a partida, os remadores japoneses começaram a destacar-se desde o primeiro instante. Chegaram à meta primeiro e a equipa portuguesa chegou com uma hora de atraso. De regresso a casa, a Direcção reuniu-se para analisar as causas de tão desastrosa actuação e chegaram à seguinte conclusão:
Detectou-se que a equipa japonesa era composta por onze elementos, sendo estes, um chefe de equipa e dez remadores, e que de igual modo a equipa portuguesa era constituída por onze elementos também, mas com uma ligeiríssima diferença, esta era constituída por um remador e os restantes dez eram chefes de serviço. Facto este que teria de ser alterado no ano seguinte.
No ano de 95 e após ser dada a partida, a equipa japonesa começou a ganhar vantagem desde a primeira remada. Desta vez, a equipa portuguesa chegou com duas horas de atraso. A Direcção voltou a reunir após forte reprimenda da Administração e viram que novamente na equipa japonesa havia um chefe de equipa e dez remadores, enquanto que a portuguesa, após as medidas adoptadas com o fracasso do ano anterior, passara a ser composta por um chefe de serviço, dois assessores da administração, sete chefes de secção e um remador.
Reunida novamente a equipa técnica, acertam-se novas estratégias e resolve-se, por unanimidade, atribuir um voto de desconfiança ao remador pela sua incompetência.
No ano de 1996, como era habitual, a equipa nipónica voltou a adiantar-se à portuguesa, cuja embarcação encomendada ao recém-criado departamento das novas tecnologias, chegou com quatro horas de atraso...
Após mais este desaire, a direcção técnica volta a reunir, desta vez com o apoio especial de todo o Departamento Informático, decidiu-se então por uma formação mais vanguardista, constituída por um Chefe de Serviços, três Chefes de Secção, dois Auditores da conceituada Arthur Andersen e quatro Securitas que vigiaram ao mais ínfimo pormenor o desempenho do remador.
Na mesma reunião foi ainda decidido abrir um processo disciplinar ao remador, retirando-se todos os direitos e incentivos, devido aos fracassos acumulados.
Foi ainda decidido que para 1997 seria admitido um remador apenas com contrato a prazo, pois tem-se sentido que a partir da vigésima milha o actual remador, talvez por pertencer aos quadros, tem uma baixa de rendimento chegando perto da meta a roçar a má vontade."

E é assim a nossa visão estratégica !!!

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